Fim de semana prolongado, o último feriadão foi uma ótima oportunidade para relaxar um pouco, esquecer o trabalho e viajar. Mas, infelizmente, a chuva também resolveu “aproveitar” o feriado de Corpus Christi por aqui. Resultado: dias frios e nada de praiana.
Uma característica marcante dessas chuvas foi sua baixa intensidade e uma duração bem longa, diferente do que estamos acostumados a experimentar nos meses de dezembro a março, quando as chuvas ocorrem com uma intensidade muito forte e acabam em alguns minutos. São as chamadas “chuvas de verão”.
Essa característica das chuvas é muito conhecida pelos hidrólogos, que observaram que a intensidade da chuva é inversamente proporcional à sua duração, ou seja, chuvas longas tendem a ser fraquinhas, enquanto chuvas curtas, muito concentradas, tendem a ocorrer em forma de pancadas.
Agora, para falarmos um pouco mais sobre as chuvas, vamos à primeira pergunta: o que é a chuva?
Para a hidrologia, precipitação é toda a água proveniente do meio atmosférico que atinge a superfície da Terra. Isso pode acontecer de diversas formas, como granizo, orvalho, geada, neve e a própria chuva. Respondendo, então, a chuva é a forma líquida da precipitação.
A diferença entre a “chuva de verão” e a essa chuvinha que nos deixou dentro de casa no feriado está no mecanismo que originou a ascensão do ar úmido, até que se formasse a chuva propriamente dita. São classificados 3 tipos de chuva: convectivas, orográficas e frontais, também conhecidas como ciclônicas.
Chuvas Convectivas
São formadas pelo aquecimento do ar na vizinhança do solo, gerando um equilíbrio instável, que, quando perturbado, cria um movimento vertical de ar quente e úmido. Esse ar quente sobe até se condensar, formar nuvens e perder sua capacidade de sustentação, ocorrendo a precipitação. Esse mecanismo acontece de forma muito rápida e é caracterizado pela forte intensidade e curta duração. Está aí a nossa “chuva de verão”.
Chuvas convectivas são responsáveis por grandes problemas de inundações nas cidades, podendo ainda ter seu efeito potencializado devido à formação de ilhas de calor, típico de grandes cidades.
Esse tipo de chuva pode sofrer um processo de alimentação de umidade de áreas vizinhas, intensificando ainda mais sua força. Uma das teorias para o forte evento pluviométrico de janeiro de 2011, que ocorreu na região serrana do Rio de Janeiro, foi explicada pela alimentação contínua de chuvas convectivas pela umidade vinda da região amazônica, através da Zona de Convergência do Atlântico Sul, como já abordamos aqui no post Summer is coming…
Chuvas Frontais ou Ciclônicas
Os eventos de chuvas frontais resultam da interação entre grandes massas de ar, com temperaturas diferentes. A massa de ar mais fria e mais pesada “entra” por baixo da massa quente, impulsionando sua ascensão até que o vapor d’água se condense e forme a chuva. São caracterizadas por intensidades baixas a médias e com longas durações. Podem atingir grandes áreas e algumas vezes são acompanhadas de fortes ventos. Nessa classificação estão nossas “chuvas de frente fria”.
Chuvas Orográficas
Quando o ar úmido encontra um obstáculo topográfico, como uma cadeia montanhosa, seu movimento o “empurra” para cima, seguindo a topografia, até que se resfria e há a formação da precipitação. Isso acontece, geralmente, em movimentos de ar na direção do oceano para o continente, sendo muito encontrado aqui no estado do Rio de Janeiro, pela sua formação característica de serras muito próximas ao mar. Normalmente são chuvas bem fracas com grande duração e atingem uma pequena área.
Uma característica que pode ocorrer quando a cadeia montanhosa é muito alta é a formação de áreas conhecidas como sombras pluviométricas. Isso acontece porque a umidade não consegue ultrapassar toda a montanha, precipitando-se antes. Nesses locais formam-se as regiões secas e semiáridas.
Então, vamos torcer para que nenhuma “frente fria” resolva vir participar da Rio +20, já que alguns sortudos terão um fim de semana de 5 dias!
Grande abraço a todos…