em Recursos Hídricos, Saneamento

Fonte da imagem de capa:  Walkerssk por Pixabay


Em um dos últimos posts do Blog Cidade das Águas escrevemos sobre 4 cidades – Cidade do Cabo, Cidade do México, Pequim e Tel-Aviv – onde a escassez hídrica é um problema constante e o que cada uma tem feito para reduzir os impactos da falta de água e para ter acesso à água (leia aqui). Dessas 4 cidades, apenas Tel-Aviv convive com a escassez há muitos e muitos anos, por estar em uma região desértica. Talvez por isso seja uma das cidades que mais valoriza a água. As outras cidades citadas sofrem com esse problema mais recentemente. Estão, muito provavelmente, colhendo os frutos da gestão ineficiente desse recurso tão essencial e estratégico.

Hoje vamos apresentar mais alguns casos de cidades que estão sofrendo os impactos da escassez hídrica.

Melbourne, Austrália: diversificação das fontes de abastecimento e eficiência hídrica

Melbourne. Crédito: DADAs em Pixabay.

Durante 12 anos, entre 2000 e 2012, Melbourne sofreu o que foi chamado de “seca do milênio”.  A crise hídrica pela qual passou parte da Austrália serviu como aprendizado e preparação para crises futuras.  Desde então, a segunda maior cidade do país implementou projetos de dessalinização e reciclagem de água, diversificando as fontes de abastecimento, e reduziu o consumo por habitante pela metade.

A produção de água reciclada em usinas de tratamento de águas residuais aumentou com a crise e passou a ser fornecida para diversos usos: agricultura, irrigação de espaços públicos e de campos esportivos. Outra medida foi a construção da maior usina de dessalinização da Austrália. Como um esforço dos moradoradores, grande parte passou a coletar água da chuva em suas residências, para aumentar a segurança hídrica.

Com a eminência de uma nova crise, atualmente, se debate a instalação de medidores digitais em imóveis comerciais  e residenciais para maior controle do consumo de água. O objetivo é reduzir as perdas por vazamentos, uma vez que seriam facilmente detectados com esses medidores, além de fornecer informações precisas sobre o consumo. A tecnologia pode ser uma grande aliada na redução do consumo de água.

Se quiser saber mais sobre a Seca do milênio, o documento LIÇÕES APRENDIDAS COM A CRISE HÍDRICA NA AUSTRÁLIA, elaborado em conjunto pela Alliance for Water Efficiency (Aliança pela Água), Institute for Sustainable Futures da Universidade de Tecnologia de Sydney e Pacific Institute, faz uma avaliação da crise hídrica vivida pela Austrália e das medidas adotadas na época, apontando os erros e acertos e buscando aprender com essa experiência para aplicá-la em outras cidades que sofrem com esse problema. É muito interessante!

Nova Iorque, EUA: conservação dos mananciais

Fonte: Pexels

Na década de 1990 Nova Iorque estava crescendo desenfreadamente e demandando cada vez mais água. Somado a isso, a cidade estava enfrentando várias secas e os reservatórios estavam em menos de 30% de sua capacidade. Diante dessa situação, a prefeitura de Nova Iorque resolveu investir na natureza, optando pela conservação dos seus mananciais. A prefeitura comprou terrenos em torno de córregos e rios e tem uma parceria com fazendeiros, que ganham por proteger os mananciais. Hoje, uma das maiores cidades do mundo, não possui estação de tratamento de água. A água que chega nas torneiras de Nova Iorque só recebe cloro e flúor e pode ser consumida sem nenhum risco. Nós falamos sobre o sistema de abastecimento de Nova Iorque com maiores detalhes no post O SISTEMA DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA DE NY – A METRÓPOLE QUE NÃO TEM ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE ÁGUA.

Segundo o Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo, estima-se que a estratégia adotada por Nova Iorque de conservação dos mananciais economizou ao estado valores da ordem de US$ 6 a US$ 8 bilhões e custos operacionais de US$ 300 milhões por ano. Além de economia financeira, com essa medida Nova Iorque ainda conseguiu ampliar em décadas a vida útil de seus mananciais.

Zaragoza, Espanha: conscientização

Zaragoza. Crédito: RichardMc em Pixabay

Exemplo mundial em economia de água, Zaragoza começou a poupar água em 1997, devido a secas severas que atingiram a Espanha nos anos 90. O projeto Zaragoza, ciudade ahorradora de agua (Zaragoza, a cidade que poupa água) investiu na conscientização dos moradores da cidade e estipulou metas de redução do consumo.

A estratégia de conscientização iniciou com campanhas de sensibilização da população em escolas, espaços públicos e imprensa, relatando a importância ambiental e financeira do uso eficiente da água. Associado a isso, foram divulgadas soluções práticas de controle de fluxo e incentivos para a compra de aparelhos domésticos econômicos. O programa conta com o apoio de mais de 60% das escolas locais, bem como de empresas, veículos de mídia e sindicatos.

No site do programa são lançados desafios todos os meses. Cada desafio tem uma página com maiores detalhes e dicas para atender ao desafio proposto. Os desafios atuais são:

Desafio 1. Conheça a sua fatura.

Desafio 2. Use torneiras eficientes e econômicas.

Desafio 3. Tome banho com redutor de vazão. Um banho de 5 minutos consome 100 litros de água. Com redutor de vazão, 50 litros

Desafio 4. Necessidade pequena, botão pequeno. No banheiro, você pode economizar até 60% usando os botões corretamente.

Desafio 5. Acabe com os vazamentos de água em sua casa.

Boas dicas, não é mesmo! E são de simples aplicação. Se tiver tempo, entre no site do programa de Saragoza e saiba mais sobre cada um dos desafios.

Em outros posts vamos falar de cidades brasileiras que sofrem com a escassez hídrica. Se você conhece outra cidade que passa por esse problema ou se conhece alguma solução interessante, comente aqui embaixo. Vamos adorar conhecer outros casos!

Até o próximo post.

 

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