em Meio Ambiente

Foto de capa: Chico Batata/Agecom

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“Agreste de Pernambuco vive a pior seca dos últimos anos”. “Cheia atinge mais de 10 mil famílias no Amazonas”. “Seca na Bahia é a maior dos últimos 47 anos…”. “Rio Negro no AM chega 29,57m e fica a 20 cm de bater cheia recorde”. Estas são algumas das notícias dos últimos dias apresentadas por um dos sites de notícias mais importante do Brasil.

Cheia do rio Negro. Foto de Odair Leal / A Crítica / Agência O Globo.

Será que esses fenômenos extremos (secas severas e grandes cheias) não andam ocorrendo com certa frequência? Porque isto está acontecendo? Será que são as mudanças no uso do solo, motivadas pela agropecuária extensiva e pelo descontrolado crescimento urbano? Ou será que os motivos são as Mudanças Climáticas, expressão que está super na moda, principalmente com a proximidade do Rio + 20?

Apesar dos eventos extremos estarem em destaque nos últimos anos, sua ocorrência é observada há muito tempo. Como Robin T. Clarke ressalta em seu artigo Hydrological prediction in a non-stationary World, 2007.

“Ao viajar pelo país, recebi várias descrições vivenciadas na grande seca (1827 – 1830) (…) Pouca chuva caiu, que a vegetação morreu(…) Os riachos secaram(…) Fui informado que rebanhos de milhares de bovinos correram para o Paraná, e esgotados pela fome eram incapazes de caminhar pelas margens lamacentas, e, portanto se afogaram. O braço do rio que corre por São Pedro estava tão cheio de carcaças podres, que o capitão do navio me disse que o cheiro tornava o rio bastante intransitável(…)”

O Autor do artigo acrescenta: “Posteriormente a essa seca seguiu-se uma temporada muito chuvosa, que ocasionou grandes inundações… Estas secas até certo ponto parecem ser quase periódicas, me disseram datas de várias outras, no intervalo de mais ou menos 15 anos”.

Seca na região de Serrinha. Foto de Eduardo Oliveira/Arquivo Pessoal.

Ele também relata a ocorrência de uma grande seca no Pantanal, maior planície alagável do mundo, onde entre 1960 – 1970 a inundação sazonal diminuiu muito subitamente. Em consequência as terras, que antes eram inundadas, foram tomadas pela pecuária. Porém uma década depois as inundações voltaram aos “níveis normais” e os investimentos do setor foram perdidos.

Leito seco do rio Negro durante seca de 2010. Foto de Euzivaldo Queiroz/AFP.

A situação que está acontecendo agora, no Norte do País, não é diferente. No final do ano 2010 o Rio Negro sofreu uma das suas maiores secas onde, dos 62 municípios do Estado do Amazonas, pelo menos 40 decretaram estado de emergência, e mais de 62 mil famílias foram afetadas. Enquanto no ano anterior, em 2009, o rio bateu o recorde da maior cheia da série histórica da CPRM (com medições realizadas desde 1902). Nos últimos dias o nível do rio Negro subiu tanto que está preste a alcançar a cheia histórica de 2009, quando a marca foi de 29,77 metros, e já afeta cerca de 70 mil famílias em todo o Estado.

Avenida Eduardo Ribeiro, centro de Manaus. Durante cheia do Rio Negro em 2009. Foto de Tiago Melo/G1.

Compreender as causas físicas e prever os fenômenos extremos são tarefas difíceis, porém fundamentais para o Brasil, que tem como uma de suas maiores riquezas os Recursos Hídricos.

A não previsão desses eventos pode acarretar grandes prejuízos econômicos e sociais, como é observado agora com as cheias no Norte, além de ser uma fonte de incertezas em setores que o Brasil é estritamente dependente, como os setores agropecuário e elétrico (através das hidroelétricas).

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