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Imagem de capa: Foto de KM L no Pexels


Como falamos no último post, grandes cheias são um processo natural dos rios e, assim, precisamos estar preparados para quando elas ocorrerem. Mas boa parte das grandes cidades brasileiras sofre com alagamentos em suas ruas mesmo quando os principais rios não transbordam.

No Rio de Janeiro é muito comum presenciarmos esses alagamentos pontuais, chamados “bolsões d’água”, ao longo da Avenida Presidente Vargas mesmo quando o nível do canal do mangue não atingiu cotas que poderiam alagar a pista. A mesma coisa pode ser observada em outras regiões da cidade, como no aterro do Flamengo, onde, teoricamente, os níveis da Baia de Guanabara não atingem cotas altas o suficiente para alagar as pistas e o parque, mas mesmo assim as pistam costumam apresentar bolsões d’água.

Bolsão d’água na Av. Presidente Vargas

Isso ocorre por duas razões: ou porque o sistema da microdrenagem (sarjetas, bueiros, bocas de lobo, etc…) foi dimensionado para atender um risco menor que a chuva que caiu (para saber mais sobre risco click aqui); ou porque o sistema de microdrenagem encontra-se “entupido” de tanto lixo, não funcionando corretamente.

A microdrenagem é projetada para tirar rapidamente a água das ruas, calcadas e casas e lançar essa água no “corpo receptor” (rio, lagoa, mar…). Os projetos de microdrenagem não são feitos para funcionarem perfeitamente nas situações mais extremas, ou seja, quando cair a tempestade do século, os bueiros das principais ruas não irão conseguir absorver toda a água dessa chuva. Isso é feito assim porque seria economicamente inviável projetar um bueiro para funcionar perfeitamente em uma tempestade extrema. Mas, por outro lado, os bueiros são (ou deveriam ser) projetados para suportar as chuvas mais ordinárias, que ocorrem quase que diariamente no verão tropical. Nessa abordagem, é aceitável que uma vez a cada cinco anos, você tenha que saltar sobre a sarjeta para não molhar a canela…

O que acontece é que quando chove e o sistema de microdrenagem está assim:

Bueiro com Lixo no Aterro do Flamengo

O resultado é um bolsão d’água.

Bolsão d’água

Por isso, é extremamente importante que o sistema de microdrenagem das cidades seja integrado a um sistema eficiente de coleta de lixo. Isso garantirá que a rede de drenagem tenha o funcionamento correto, previsto na concepção do seu projeto.

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Mostrando 5 comentários
  • Mauricio Santiago dos Santos
    Responder

    Prezados, se o problema fosse o lixo obstruindo a microdrenagem, seria ótimo, mais o que acontece é que a Macrodrenagem não existe, e quando existe está sub-dmensionada, não se fez nada por décadas de politicas públicas, e continuam a não fazer, Nos temos uma nova tecnologia para minimizar estes eventos mais os tomadores de decisão não estão nem ai, infelizmente, http://www.macrodrenagem.com

    • Osvaldo Moura Rezende
      Responder

      Olá Mauricio,
      realmente o problema não está todo na microdrenagem. Esse é apenas um dos muitos erros que encontramos nos sistemas de drenagem. Muitas dessas redes estão subdimensionadas sim, mas a simples manutenção e limpeza dos dispositivos seria de grande valor para minimizar os impactos de chuvas ordinárias, que por terem uma alta frequência, acabam por ocasionar grandes perdas ao longo do tempo. O ciclo hidrológico é um sistema que deve ser analisado holisticamente, assim, nenhuma “solução” pontual será eficiente. Precisamos de uma abordagem mais sistêmica, que considere o funcionamento integral e interdependente de toda a bacia hidrográfica e ainda os impactos do processo de urbanização. Uma nova visão sobre os ambientes fluviais, que já é utilizada em muitos países europeus, é a requalificação fluvial, que busca intervenções menos agressivas sobre os corpos hídricos, garantindo um ambiente mais próximo ao natural.
      Grande abraço,

  • Yuri Magnani
    Responder

    Parabéns pelo blog, ótimas informações…

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