em Políticas públicas

Fala galera! Primeiramente queremos desejar um ótimo 2012 para todos!

Agora vamos ao tema inicial do ano…

Nessa primeira semana de janeiro, ouvimos muito sobre os Sistemas de Alerta de Cheias implantados no Estado do Rio de Janeiro, como na região Serrana. Iniciamos o ano com um volume de chuva bem grande, característico do nosso verão, e diversos problemas ocorreram devido a toda essa água precipitada, principalmente no Estado de Minas Gerais, mas atingindo também regiões do norte e da serra do Rio de Janeiro.

Logo do Sistema de Alerta do Instituto Estadual do Ambiente do RJ (INEA)

Hoje escreveremos sobre esse lance dos alertas de risco.

Em uma mesma matéria do jornal on line O Globo estavam escritas as seguintes passagens:

“O que evitou a morte de pessoas desta vez foi o funcionamento dos alarmes, os comunicados a tempo e os treinamentos.” (Governador Sérgio Cabral)

“…o que pôde ser observado é que os pontos de apoio não estão estruturados adequadamente e não garantem as condições mínimas de permanência de pessoas sequer por uma noite ou algumas horas. Com a tendência de que as chuvas se prolonguem, é necessário estruturar os locais para manter as pessoas acolhidas por dias, até que a Defesa Civil informe o cessar do risco. Também foi observado que a população não foi suficientemente conscientizada da necessidade de se dirigir aos pontos de apoio, uma vez que em quatro localidades visitadas as sirenes e aviso tocavam incessantemente, alardeando a necessidade de que as pessoas se dirigissem aos pontos de apoio, que se encontravam vazios” (Trecho de recomendação expedida pelo Ministério Público Estadual)

Há uma evidente incoerência em o que um acredita e o que outro encontrou na vistoria. Na recomendação do MP ficam claras algumas características fundamentais de um eficiente Sistema de Alerta e Prevenção de Inundações, que se apresenta como uma das mais importantes medidas não-estruturais de controle de enchentes.

Segundo o professor Carlos Tucci, “o sistema de previsão e alerta tem a finalidade de se antecipar à ocorrência da inundação, avisando a população e tomando as medidas necessárias para reduzir os prejuízos resultantes da inundação”. Esse sistema deve ser composto por três fases distintas, como apresentadas no esquema abaixo, retirado da dissertação de mestrado da COPPE/UFRJ (REZENDE, 2010).

Observando as características dessas três fases, podemos concluir que apenas parte do sistema foi realmente implantada. O que vemos hoje na região serrana do Rio é a segunda parte desse sistema, a fase do Alerta, quando são acompanhados os dados de medição em tempo real da chuva e dos níveis d’água nos rios, emitindo alertas de acordo com os riscos apresentados.

Estágios de Alerta do Sistema do INEA

Ainda faltam muitos investimentos na fase de prevenção, que é a mais importante de todas, pois sem ela nada funcionará. Nessa fase são planejadas todas as ações, como o treinamento das equipes de resgate, a educação da população e as medidas a serem tomadas após o evento ocorrer.

Também é preciso atentar às limitações desse sistema, como sua utilização em bacias com rápida capacidade de resposta, onde o tempo de concentração (tempo necessário para que toda a área da bacia contribua para o escoamento superficial na seção de saída) é muito pequeno e não há tempo hábil entre o alerta e a mobilização das pessoas. Essa característica, na pratica, significa que os rios enchem muito rápido depois que começa a chover (no geral em rios de grande porte como o Paraíba do Sul é possível prever a chegada de uma cheia com horas de antecedência enquanto em alguns córregos, geralmente próximos a encostas,  a cheia chega muito rapidamente depois do inicio da chuva, como uma tromba d’água) .

Quando conversava com meu primo Pablo, alguns dias atrás, sobre o sistema de alerta e a necessidade de se elaborar um programa de educação para a população, o cara me disse uma grande verdade, precisamos mais do que educação nesses momentos, precisamos mesmo é de disciplina! Isso é verdade, porque na maioria das vezes em que forem dados os alertas e as pessoas saírem de casa, nada vai acontecer! Mas no dia que acontecer, vai valer a pena ter saído todas as outras vezes…

Por isso, nunca se esqueçam:

SEMPRE   ALERTA

Ficamos por aqui. Um grande abraço e um ótimo 2012…

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Mostrando 13 comentários
  • Luiz A. Fraga
    Responder

    É SEMPRE A MESMA ESTORIA DA CAROCHINHA ! Quanto a PREVENÇÃO, as decisões com relação ao investimento do governo federal nos Municipios localizados em áreas de risco, são sempre orientadas por critérios politicos, e/ou partidarios, e/ou por amizade e/ou mais chegados; e sempre que for assim, haverá aberrações gritantes quanto a irregularidades na aplicação dessas verbas federais. Segundo levantamento realizado pelo Contas Abertas, dos 251 municípios com risco de inundações e deslizamentos, apenas 23 receberam verbas do programa “Prevenção e Preparação para Desastres”, coordenado pelo Ministério da Integração Nacional (MI). É PRECISO AÇÃO. AFINAL QUEM RESPONDERÁ PELAS MORTES E PREJUISOS OCORRIDOS! ESTOU CANSADO DE PROMESSAS.

    • Osvaldo Moura Rezende
      Responder

      É realmente indignante Luiz! Um grande problema que enfrentamos no processo de decisão dos investimentos públicos é a relação indecorosa entre alguns agentes do estado e a iniciativa privada. Muitas dessas obras são grande fonte de renda para empreiteiras, que financiam as campanhas políticas. O que precisamos é de um maior controle social sobre esse processo decisório. Obras de correção, pós-eventos, facilitam essa farra com nosso dinheiro e não resolvem o real problema das inundações…

      Agradecemos as informações, grande abraço.

  • Ricardo Castro
    Responder

    Fica claro que as ações realmente necessárias, são mais complexas do que simples promessas, assim não bastam pronunciamentos políticos para resolver o problema.
    É necessário que a população esteja bem informada do risco de ocupação de cada área e interaja com as medidas preventivas e soluções técnicas a serem adotadas. Mesmo aquelas que indiquem a necessidade de remoções devem ser discutidas e defendidas.
    Cada vez torna-se mais claro que é fundamental que se instalem o Projeto Orla Fluvial nos rios brasileiros. Através deste, se bem implementado, seria possível a elaboração de projetos e programas com a participação de todos (Entidades Públicas (INEA, IBAMA, SPU, ANA, Prefeituras ), Universidades, Associação de Moradores, ONGs, OSCIPs, Ministério Público). O Projeto Orla Costeira, já dá seus primeiros resultados no gerenciamento da costa brasileira e nas ocupações e urbanizações dessa área, falta levar essa realidade para os rios.
    Parabéns pelo oportuno comentário !

    • Osvaldo Moura Rezende
      Responder

      Muito legal o projeto Orla Fluvial Ricardo! É realmente importante considerarmos a participação e interação de todos agentes envolvidos para conquistarmos mais legitimidade no processo de decisão. Agradecemos sia contribuição aqui!! Mande mais sobre o Orla Costeira… pode ser assunto de um próximo post no Cidade das Águas.

      Grande abraço…

  • Cássio Pacheco
    Responder

    Excelente post!
    Realmente de que adianta educaçao sem a disciplina ne.

    • Osvaldo Moura Rezende
      Responder

      É isso aí Cássio… a disciplina ajudará nesses momentos possibilitando uma resposta mais rápida da população!

      Abração!

  • Israel
    Responder

    Valeu garoto.Parabéns pelo esclarecimento.Não nos deixe cair nas artimanhas da política kkkkkkkkkkkkk

  • Matheus
    Responder

    “precisamos mais do que educação nesses momentos, precisamos mesmo é de disciplina!”

    Frase interessante, não sei por que, na boca do estomago, ela me parece meio fascista.

    • Osvaldo Moura Rezende
      Responder

      Realmente Matheus, se quisermos fazer essa leitura encontraremos algo de fascista, simplesmente pela colocação da palavra “discilplina”, que é uma característica marcante desse regime, assim como foi marcante no stalinismo, assim como foi no regime de Fidel e assim como é no comunismo da China e da Coréia do Norte.

      No dicionário “disciplina” pode ter o significado de “regime de ordem imposta ou livremente consentida”, também sendo explicada como um respeito a um determinado regulamento. Se fizer uma leitura pelo sentido do regime de ordem imposta, certamente parecerá fascista. Mas a minha intenção foi mostrar que em um Sistema de Alerta e Prevenção de Enchentes, além de se distribuir cartilhas e divulgar informações, deve-se prever um programa de treinamento prático, buscando uma “disciplina” na resposta ao evento e a seus possíveis impactos. Nesse caso, poderíamos substituir a palavra “disciplina” por ordenamento.

      Assim, prefiro o significado “regime de ordem livremente consentida”, alcançada pela Educação e treinamento.

      Grande abraço.

      • Matheus
        Responder

        A grande questão da frase é como ela se apresentou e como ela se encaixa principalmente na etapa de prevenção: “precisamos MAIS do que EDUCAÇÃO nesses momentos, precisamos MESMO é de DISCDIPLINA!”.

        Sem a participação da população nas decisões na etapa de Prevenção as medidas a serem adotadas, principalmente nas decisões com relação às áreas para realocação da população desalojada, passam a ser impostas e não vão representar a vontade da comunidade em como as coisas devem ser encaminhadas a partir do momento em que as pessoas estão expostas ao risco e devem se retirar de suas casas.

        Disciplina imposta em nome da ordem publica é uma característica marcante de regimes fascistas.

        Com relação ao inicio do seu comentário, se você for a Cuba pode ter certeza de que vai encontrar quase todas as mazelas que atribuem ao país, mas disciplina fascista com certeza não será uma delas. E classificar a economia atualmente mais pujante no mundo como comunista é, no mínimo, uma grande ironia…

        Abraço meu brother!

  • Luciana Sinhorelli
    Responder

    SEMPRE ALERTA!!!

    Parabéns por mais um Post sensacional!!!

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