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No último sábado, 05 de maio, foi possível conferir em todas as partes do mundo a “super Lua“. Isso aconteceu porque, neste dia, a Lua estava mais perto da Terra.

Super Lua no último sábado

A Lua, realmente, estava muito bonita e inspiradora. Em diversos lugares do mundo, ela virou a “estrela da festa” e foi fotografada por famílias inteiras, viajantes solitários, casais apaixonados, etc. Eu mesma, em missão de trabalho em Veneza, fiz a foto abaixo.

Super Lua em Veneza, antes da “acqua alta”

E por que vimos a Lua maior e mais brilhante no sábado? Considerando que sua órbita em torno da Terra é uma elipse, existe um momento em que elas estarão mais perto uma da outra, o que é chamado “perigeu lunar”. Quando coincide de a Lua cheia acontecer justamente nesse momento, ela parece 14% maior e 30% mais brilhante que as luas cheias normais.

Lua: órbita elíptica em torno da Terra

Existem rumores de que nesta fase da Lua, mais crianças nascem, alguns humanos têm comportamento estranho, mais crimes estão propícios a ocorrer, etc. Nada disso é comprovado. Certeza mesmo é a de que a Lua perigeu pode levar à uma alta anormal da maré. No entanto, de acordo com o “National Oceanic and Atmospheric Administration“, dos EUA, não é nada que devesse preocupar. Na maior parte dos lugares, o efeito da gravidade da lua perigeu faz com que a maré aumente apenas poucos centímetros além do usual e, dependendo da geografia local, esse efeito pode ser aumentado em no máximo 15 cm, o que não chega a ser uma enchente.

Em Veneza, na Itália, os canais transbordaram neste dia, após o anoitecer. Foi uma “acqua alta” fora de época.

Por que esse evento me chamou a atenção?

Vendo essas imagens, logo me veio à mente o que ocorre com sistemas de drenagem de cidades costeiras, como o Rio de Janeiro, por exemplo. Como é possível, em caso de chuva, um sistema descarregar conforme projeto, com seu exutório sofrendo tamanha restrição?

Isso leva a mais uma questão: boa parte dos projetos tradicionais de drenagem usa simplesmente a equação de Manning, que considera escoamento permanente uniforme, ou seja, utilizando a declividade do fundo como referência para o cálculo do escoamento que é utilizado para dimensionar a seção. A declividade de fundo, em presença de maré, não é determinante para o escoamento.

Será que não seria hora de rever os critérios de projeto de uma forma abrangente e aproveitar para introduzirmos formalmente as considerações sistêmicas necessárias a um bom projeto e que, por tabela, também levassem ao uso das técnicas compensatórias e da preocupação com a sustentabilidade, que temos aqui defendido (5 maneiras simples de melhorar o controle das enchentes urbanas” e “Criando cidades sustentáveis“)?

E para quem achava que Veneza só inspirava os casais apaixonados… Saudações venezianas e até o próximo post!

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