em Drenagem Urbana, Inundações

Foto de capa: StockSnap por Pixabay


Um assunto bastante recorrente aqui no Blog Cidade das Águas diz respeito à redução do risco de inundações, uma das principais áreas de atuação da AquaFluxus. Quem acompanha o blog já leu algumas vezes que as enchentes são eventos naturais e que, portanto, vão acontecer de tempos em tempos. Tanto especialistas no assunto quanto leigos sabem que não podemos, pelo menos por enquanto, impedir que determinado evento hidrológico aconteça, mas podemos e devemos estar preparados para esses eventos, reduzindo os riscos que eles possam causar à população.

Fonte: qimono por Pixabay

Uma das formas de reduzir os riscos de inundações é por meio do mapeamento desses riscos. Como Osvaldo apresentou no post O PERIGO NO MAPEAMENTO DE RISCOS DE INUNDAÇÕES, existem duas maneiras de realizar o mapeamento: 1) utilizando um banco de dados que contenha informações de inundações históricas em determinada região, que permita classificar cada local de acordo com a frequência dos alagamentos observada ao longo do tempo; ou 2) utilizando modelagem matemática, mais especificamente modelos hidrológicos-hidrodinâmicos, que sejam capazes de representar os processos de transformação da chuva em vazão e os escoamentos na bacia hidrográfica.

Portanto, seja por meio das cheias históricas ou modelagem matemática, o mapeamento das áreas com maior probabilidade de ocorrência de eventos de cheias e maior vulnerabilidade, isto é, onde o número de pessoas e bens expostos é maior, é de extrema importância para reduzir os riscos de inundações. Como Luiza escreveu no post A IMPORTÂNCIA DO MAPEAMENTO DE RISCOS HIDROLÓGICOS, o mapeamento é uma ferramenta que permite visualizar as regiões com maior risco, auxiliando na identificação das regiões que necessitam de maior atenção, apontando as áreas que não devem ser ocupadas e/ou indicando a necessidade de investimentos em obras de controle das inundações.

Mapa de inundações – Paraty-RJ

Os mapas de riscos de inundações auxiliam no planejamento do uso e ocupação do solo, devendo ser uma das condicionantes para o correto zoneamento da atividade e ocupação humana. O zoneamento das áreas com risco de inundação pode ser feito a partir da modelagem hidrológica-hidrodinâmica das bacias, avaliando o comportamento das cheias fluviais.

Outra aplicação do uso de mapeamento é no apoio ao gerenciamento de riscos. A simulação de cenários com eventos hidrológicos de diferentes tempos de recorrência permite a elaboração de mapas de probabilidade de inundação, onde são indicadas as áreas mais susceptíveis e a probabilidade de alagamento de cada uma dessas áreas. Esses mapas fornecem informações para um programa de gestão dos riscos de inundação e podem ser aplicados desde grandes cidades até empreendimentos privados, como vimos no post MAPA DE PROBABILIDADE DE INUNDAÇÕES: UMA FERRAMENTA PARA GESTÃO DO RISCO DE DESASTRES.

Alguns modelos matemáticos, como por exemplo o MODCEL (leia aqui e aqui para saber mais), permitem, ainda, a elaboração de outros mapas temáticos que apoiam a tomada de decisão na gestão dos riscos de inundação. Um desses mapas temáticos é o que apresenta o fator de velocidade, um indicador que relaciona as profundidades e as velocidades das inundações com o poder destrutivo das mesmas, criando níveis de risco, em função dos prejuízos potenciais e danos causados. Veja outros exemplos desses mapas no post O PERIGO NO MAPEAMENTO DE RISCOS DE INUNDAÇÕES. Esses mapas são utilizados também para o Plano de Ação de Emergência, um dos itens do Plano de Segurança de Barragens, e permitem o mapeamento das áreas alagadas caso ocorra a ruptura da barragem (dam break) e, com o indicador do fator de velocidade, o mapeamento das áreas onde pode haver maior destruição com a onda de cheia.

Fonte: funario por Pixabay.

O MODCEL também permite testar diferentes técnicas usadas para a redução das inundações, como reservatórios, trincheiras, jardins de chuva, obras de dragagem, etc. Essas obras são inseridas no modelo onde é possível avaliar o seu funcionamento e o amortecimento da cheia, e, ainda, a elaboração de novos mapas pós obras. Dessa forma, pode-se verificar se determinada obra reduz as inundações na bacia hidrográfica e seu benefício-custo.

Portanto, se você tem um empreendimento ou deseja adquirir um terreno onde há probabilidade de ocorrerem enchentes, o mapeamento do risco de inundações pode ser extremamente útil, indicando os locais mais indicados para se construir, em que cota aterrar o terreno e até que ponto vale a pena investir neste terreno ou em obras para conter as inundações.

Se o seu bairro ou cidade sofrem com constantes inundações e há planos de expansão ou são necessárias obras para o controle das cheias, não deixe de fazer o mapeamento do risco de inundações, a fim de hierarquizar as regiões em função do risco e definir as obras mais adequadas para a redução das cheias.

Um abraço e até o próximo post.

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