em Drenagem Urbana, Meio Ambiente

Imagem de capa: Sanchez Lin por Pixabay (https://pixabay.com/pt/photos/flores-prado-manh%c3%a3-natureza-bloom-6520439/)


Em plena Primavera, finalzinho de semana de verão! Altas temperaturas até mesmo lá em cima da serra, em Nova Friburgo, onde passei os últimos dois dias, em casa, derretendo. Para amenizar e aproveitar um pouco o sol, nada como um merecido descanso no jardim de casa, nos intervalos do trabalho, já que acabei levando dever de casa…

No domingo, termômetro na casa dos 30 graus, caiu uma pancada de chuva, forte e rápida, indicando a proximidade do verão com influência do garotinho (El Niño). Ver a chuva cair no jardim de casa, me levou a escrever esse post de hoje, para falar um pouco sobre os Jardins de Chuva.

No post5 maneiras simples de melhorar o controle de enchentes urbanas”, apresentei os jardins de chuva como uma dessas medidas simples. Na prática, para quem olha, é mais ou menos como eu descrevi naquele texto mesmo: um jardim implantado em uma pequena depressão, permitindo o acúmulo da água de chuva e favorecendo sua infiltração.

Jardim de chuva. Fonte: Emmons & Olivier Resources, Inc. (https://www.eorinc.com/).

Mas na real, o jardim de chuva é muito mais que um buraco com plantinhas. Existem diversas técnicas utilizadas em sua implantação para melhorar sua eficiência no controle de enchentes. Porém, o simples fato de utilizar o rebaixamento nas áreas de jardim das casas já pode resultar em um amortecimento das vazões de pico na rede de drenagem de até 55%, quando comparado com um sistema tradicional de drenagem, onde os lotes são ligados diretamente à rede de drenagem. Esse valor é um resultado preliminar de um estudo que está em curso na UFRJ, através do uso de ferramentas de modelagem computacional. Assim que for publicado posso disponibilizar para que se interessar, é só pedir…

Agora, voltando ao jardim, sem ter a certeza que devo chorar, vamos ver como funciona um Jardim de Chuva.

Esse dispositivo, na verdade, é uma associação de técnicas de infiltração com o paisagismo, agrupando diferentes funções em uma mesma estrutura, como a amenização ambiental, o controle de inundações e até mesmo aspectos de qualidade da água.

A lógica é muito simples. Tudo começa com a preparação do terreno em que será implantado o Jardim de Chuva, substituindo-se a camada de solo compactada, que tende a ser pouco permeável, por uma camada de brita seguida de uma camada de areia. Tudo isso envolto em uma geomanta, que irá garantir uma vida útil mais prolongada ao dispositivo.

Fonte: FREITAS, I. T. W.; et al. Impermeabilização dos Solos Urbanos – Problemas e Soluções. Universidade Federal de Juiz de Fora. 2011. Disponível em <https://petcivilufjf.files.wordpress.com/2011/11/bacia.jpg>. Acesso em 21 de set. de 2021.

Essa montagem cria um reservatório em toda essa camada mais permeável, que receberá parte da água de chuva, favorecendo os processos de infiltração no solo, que são mais lentos. A escolha certa das espécies de vegetação que comporão o jardim poderá favorecer, ainda, a melhoria da qualidade da água que infiltrará no solo, reduzindo, assim, a degradação das águas subterrâneas.

Os Jardins de Chuva podem ser associados a diferentes elementos do paisagismo urbano, como os canteiros das calçadas, canteiros centrais de avenidas, jardins de praças e também os próprios jardins das edificações privadas, distribuindo a responsabilidade de mitigação dos impactos gerados pela urbanização entre todos nós.

Essa lógica permite a construção de cidades muito mais agradáveis, com ações de controle de inundações distribuída por toda a bacia, aliadas e integradas ao próprio ambiente urbano, em detrimento de grandes obras localizadas, feias, impactantes e com maior risco de falhas, uma vez que toda a responsabilidade de controle se concentra em apenas um ponto.

Afinal, o que você prefere: uma cidade verde permeada com jardins e parques ou uma cidade cinza com alguns grandes buracos de concreto cercados de muro?

Foto de Leonard Dahmen no Pexels (https://www.pexels.com/pt-br/foto/edificios-de-concreto-cinza-sob-o-ceu-azul-2974834/)

Foto de Eva Elijas no Pexels (https://www.pexels.com/pt-br/foto/vista-aerea-de-edificios-da-cidade-5766119/)

  Abraços!

Postagens Recomendadas
Mostrando 3 comentários
  • engo. rangel pietraroia filho
    Responder

    engo. Osvaldo, fundamentais todas as tecnicas e propostas para drenagem ,manutenção e conservação de nossos
    terrenos e, mananciais.
    Com a urbanização sem planejamento, as áreas centrais dos conglomerados urbanos estão totalmente impermeabilizadas.e as periferias ocupadas por empreendimentos populares sem critérios quanto a drenagens,conservação e preservação do solo. E sobretudo o melhor uso e reuso das aguas pluviais.
    Importante a divulgação aos nossos colegas responsáveis em projetos e implantação destes dispositivos.
    E principalmente o poder público.
    Parabens pelo trabalho.!

  • Rosiany
    Responder

    Lindo seu jardim!!! Precisamos divulgar a dupla finalidade…além de fazer bem aos olhos contribuem para amenizar as consequências das chuvas em cidades com solos tão impermeáveis.

    • Osvaldo Moura Rezende
      Responder

      É isso aí Rosiany! Soluções simples com múltiplos usos, induzindo ao uso do espaço urbano mais racional e para seus devidos fins, sociais, econômicos e ambientais. Isso contribui em muito para uma melhor qualidade de vida!

      Um abraço!

Deixe um Comentário

Contato

Entre em contato conosco.