em Meio Ambiente, Qualidade da Água, Recursos Hídricos

Depois de apresentar os modelos hidrodinâmicos, necessários para o diagnóstico do funcionamento hidrodinâmico do sistema rio Guandu – Lagoa do Guandu (veja os posts Modelagem ambiental – Parte 1 e Modelagem ambiental – Parte 2), hoje é a vez da modelagem de transporte.

A partir dos resultados dos modelos hidrodinâmicos, foi utilizado o módulo de modelagem de transporte Euleriano para avaliar os padrões de taxa de renovação e de mistura de massas de água, entre as águas do rio Guandu e das bacias dos rios Poços/Queimados e Cabuçu/Ipiranga.

O modelo de transporte Euleriano é de uso geral para simulação de transporte advectivo-difusivo com reações cinéticas, para escoamentos 2DH, ou em camadas selecionadas de escoamentos 3D. No caso desse estudo, buscando simular os diferentes padrões de circulação existentes na região foi utilizado o Modelo Hidrodinâmico 2DH. Neste caso de estudo, foi considerado que o contaminante encontra-se dissolvido em toda a coluna d’água.

Taxa de renovação

A estimativa da renovação de águas é feita através da análise da porcentagem de água que aflui à região de interesse. Para a análise da taxa de renovação de água foi adotado como condição inicial para todos os nós do modelo o valor 0 para a concentração e as vazões afluentes ao domínio foram consideradas com valor de concentração igual a 100. O modelo de transporte Euleriano foi simulado pelo período de 1 mês, considerando um ciclo com as três horas finais do modelo hidrodinâmico para cada cenário. Foram simulados a situação atual e o cenário de projeto com a barragem e a ligação rio Guandu – Lagoa do Poços.

Abaixo apresenta-se o instante inicial da simulação para ambos os cenários. É possível observar que ocorre a troca de água do instante inicial por água nova vinda dos rios.

figura 1-p3

Início da simulação do modelo de transporte Euleriano para avaliação da taxa de renovação das águas do sistema modelado – situação atual (esquerda) e projeto (direita).

O resultado da simulação após 1 mês, apresentado abaixo, mostra que a taxa de renovação da água da cabeceira da lagoa Poços/Queimados varia de 20 a 30% para o cenário atual. Esse resultado ressalta a necessidade de uma ação estrutural para garantir uma melhor circulação hidrodinâmica na área mais de montante da lagoa do rio Poços, a qual fica estagnada, com regiões sem qualquer renovação de água, mesmo após um mês de simulação. O resultado do cenário de projeto mostra que há uma melhora na taxa de renovação da cabeceira da lagoa Poços/Queimados com a ligação do Guandu, em relação à situação atual. Porém, observa-se uma piora na taxa de renovação das águas da parte mais baixa desta mesma lagoa e da lagoa Cabuçu/Ipiranga, devido à presença da barragem. A barragem impede que a água do rio Guandu circule para dentro da lagoa, renovando mais rapidamente as partes mais de jusante das lagoas, condicionando a renovação de água no interior da lagoa à capacidade de vazão da estrutura de descarga de dutos.

figura 2-p3

Resultado do modelo de transporte Euleriano para avaliação da taxa de renovação das águas após 1 mês de simulação – situação atual (esquerda) e projeto (direita).

Estimativa da mistura das águas do sistema

Os resultados permitem avaliar os padrões de circulação hidrodinâmica no interior das lagoas e os impactos potenciais da implantação da barragem no sistema, o qual impede a troca de água entre o rio Guandu e a lagoa, o que pode refletir diretamente na qualidade de suas águas interiores.
Um cenário adicional, contemplando uma ligação entre o trecho de montante do rio Guandu e a parte mais alta da lagoa do rio Poços/Queimados, foi simulado, possibilitando a observação do potencial de melhoria na circulação interna da lagoa e da qualidade de sua água, considerando que o rio Guandu apresenta uma água mais limpa.

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